terça-feira, 11 de março de 2008

A caça em Moimenta!

JAVALI
No concelho de Moimenta a fauna cinegética, cuja gestão e ordenamento se rege pela Lei de Bases Gerais da Caça n.º 173/99 de 21 de Setembro, constitui uma mais valia para a região. O seu fomento e exploração responde aos planos elaborados pelas distintas zonas de caça, através das quais se ordena cinegeticamente o País. Dentro das espécies cinegéticas consideradas de caça maior, o javali é a única espécie que ocorre por todo o concelho, sendo considerada como bastante frequente, estando os cervídeos actualmente ausentes no mesmo.
Em termos sistemáticos, o Javali (Sus scrofa) insere-se na superordem dos Ungulados (mamíferos com cascos), ordem Artiodactyla, o que significa que apoia os seus membros sobre um número par de dedos, conformando a típica pegada do javali.
Mamífero de grande porte, os machos podem atingir os 150 cm e ultrapassar os 120 Kg entanto que as fêmeas, de menores dimensões, medem entre 120 e 140 cm e pesam cerca dos 80-90 Kg, aquando adultos. Apresenta o corpo achatado e coberto de cerdas e uma cabeça estreita com formato de cunha, sendo o olfacto muito apurado. Esta espécie apresenta uma dentição completa, onde os caninos constituem elementos de defesa e o trofeu do animal, permitindo o seu regime omnívoro mas com preferências alimentares pela fracção vegetal.
Durante grande parte do ano os machos vivem em grupos, se bem que podem ser observados machos adultos solitários, e as fêmeas vivem em grupos familiares com as suas crias e alguns juvenis. A época do cio decorre no geral entre Novembro a Janeiro, com ruptura de esta estrutura social, e as crias nascem após 110-120 dias de gestação. Cada ninhada em média é de 4 crias se bem que dependerá muito da idade da fêmea, do seu peso e condição física, tendo um maior número de crias as fêmeas mais velhas e de maior peso.
Procuram locais que ofertem um bom coberto vegetal, nomeadamente matos de elevado porte, e presença de água ou locais húmidos. Os banhos de lama são fundamentais para esta espécie, com dificuldades para regular a sua temperatura corporal, ao tempo que beneficia de um efeito terapêutico sobre a sua pele (desparasitação). Em termos do habitat, é uma espécie tipicamente florestal se bem que apresenta uma grande adaptabilidade. Quando as nossas florestas estão constituídas principalmente por espécies de resinosas, como o pinheiro bravo, o javali encontra dificuldades ao nível trófico, o que lhe leva a recorrer às culturas agrícolas e produzir elevados prejuízos. Mesmo em espaços florestais diversificados, quando ocorrem anos com escassez de frutos florestais os prejuízos agrícolas se elevam comparativamente com anos bons na produção.

COELHO

Das espécies de caça menor, consideradas de pelo, estão presentes no concelho de Moimenta da Beira o coelho e a raposa, das quais o coelho-bravo é sem lugar a dúvidas a espécie mais procurada pelos caçadores.
Sistematicamente, o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus algirus) pertence à família Leporidae, a qual inclui coelhos e lebres, ordem Lagomorpha. É uma espécie que vive em grupos familiares à volta da toca, efectuando a marcação do território através da acumulação de excrementos, denominadas latrinas, as quais constituem um índice de presencia de fácil identificação.
Apresenta uma grande plasticidade ecológica, estando presente em quase todos os tipos de habitat, contudo evita os terrenos húmidos e difíceis de escavar, procurando os locais que ofertem abrigo e alimentação sem necessidade de realizar grandes deslocações.
É um herbívoro bastante oportunista, se bem que mostra preferencias pelas gramíneas dado serem uma fonte de proteínas essenciais para manter a capacidade reprodutiva das fêmeas. As fêmeas ovulam em resposta à copula com o macho, o qual copula com sucessivas fêmeas, o que determina a poligamia da espécie. O acasalamento se produz ao longo do ano embora se assista a um máximo durante a primavera e a um mínimo durante o estio. O período de gestação é de 30 dias, produzindo em média de três a cinco crias que nascem cegas e sem pêlo. Ao ano, uma fêmea pode ser fecundada entre três a cinco vezes o que implica uma produção de 14 a 24 crias, as quais podem estar aptas para reproduzir-se aos seis meses de vida.
Esta espécie, outra muito abundante, tem vindo a diminuir como consequência de duas doenças de caracter vírico, a Mixomatose e a Hemorrágica Viral (DHV). A mixomatose provoca perda de reflexos, conjuntivites, alterações anogenitais e diversos tumores cutâneos. A sua virulência tem vindo a diminuir, porém surge todos os anos com especial incidência no verão. A DHV actualmente têm um maior impacto durante o Outono/Inverno, e pode provocar localmente uma mortalidade elevada de até 80% dos efectivos. Estas doenças afectam aos coelhos selvagens e domésticos pelo que é necessário alertar aos criadores particulares para a necessidade de vacinar os seus animais e, no caso de adoecerem e/ou morrer , não deixar os mesmos nas lixeiras ou a céu aberto( no campo), antes queimar-lhes ou enterrar-lhes com cal viva, de forma a evitar a expansão e contagio destas doenças.
É de salientar o papel empenhado de diversas zonas de caça no fomento e recuperação de esta espécie que apresenta um valor ecológico elevado dado depender da mesma muitas espécies de predadores, alguns com um estatuto de conservação elevado.

fonte: http://www.jb.utad.pt

(dedico este post a alguns
moimentenses amantes da caça, que visitam bastantes vezes este blog, um deles o Nuno 25)

1 comentário:

Nuno25 disse...

Excelente post.

Parabéns!!!!!

"A família obviamente entra e com muita pertinência nesta questão da imagem do caçador-homem."

O caçador esclarecido que reflecte e sabe o que faz, porquê e como. Que se ilustra, que faz da caça uma filosofia e um modo de estar na vida, que sabe ser a caça moderna, uma escola de virtudes e um modelo socialmente correcto.

Na sociedade e por desconhecimento puro, a caça é vista á imagem de cada um. A violência está hoje mais presente do que nunca, seja nas imagens dos médias que nos entram pelos olhos, seja no lazer, pelos filmes e jogos, seja no dia-a-dia nas escolas, ruas e empresas, no trânsito e em qualquer discussão, até na política e no desporto.