quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

BARACK OBAMA, 20/01/2009

Preto no Branco «José Leite Pereira»

Sim, é possível se mudarmos

Quem esperava que Barak Obama chegasse à sua investidura munido de varinha mágica e ali mesmo iniciasse a resolução dos grandes problemas dos EUA e do Mundo teve a primeira decepção. Pode juntar-se aos que não acreditam nele e que já proclamaram que o discurso não trouxe nada de novo.

Não trouxe, realmente, se trazer algo de novo significar apontar como se resolve cada um dos muitos problemas que se abateram sobre o Mundo. Mas trouxe princípios. Novos princípios. Princípios que não estamos habituados a ver proclamados e seguidos nos EUA. O que houve de novo com Obama foi a atitude. Uma atitude muito positiva, um apelo repetido e profundo aos mais sagrados e fundamentais valores americanos para que eles sejam a mola que impulsionará o país para enfrentar e vencer a crise. E nessa atitude cabe também a humildade, a humildade de reconhecer que nem tudo pode sair bem, o alerta de que poderá haver erros.

Esta força positiva mas humilde é aliás a mesma que enforma os seus propósitos na política externa. Esforços mútuos de cooperação com o mundo muçulmano surgiram no discurso com a mesma força com que recordou aos seus concidadãos que a América é um país de cristãos, judeus e muçulmanos, dando sinais de que pretende que a América seja mais abrangente e que essa abrangência se faça pela cooperação do diálogo e não pela força que Bush e os seus falcões estavam sempre prontos a exibir.

"Sacudir o pó e recomeçar a construção da América" - disse Obama em mais uma das suas frases positivas. Fazê-lo, pedindo a todos que se levantem e trabalhem pelo país, ao mesmo tempo que acentuava que os trabalhadores não são hoje menos produtivos do que quando começou a crise. Crise que atribui à ganância de uns quantos. Generalidades, dirão os críticos. Generalidades, sim, mas significativas de uma inversão na caminhada dos EUA. Como também disse Obama, "o Mundo mudou e nós temos de mudar com o Mundo". Digamos que esta é a grande mensagem do seu discurso. Um convite generalizado à mudança de atitude.

Não são estas frases que mudarão o Mundo, trarão progresso às bolsas e travarão o desemprego que continuaremos a ver crescer. Mas são avisos - para o interior de cada um de nós - de que temos de mudar. E são sinais de esperança. É uma porta que se abre na escuridão da crise, tão mais importante quanto, como Obama também disse, não se pode adiar decisões incómodas. São uma fórmula diferente e mobilizadora de repetir a frase que o celebrizou : "Sim, é possível". Mas só se mudarmos. (Fonte: JN)

O blogue MNN pergunta:
« O que acham que vai mudar no mundo com o novo Presidente dos E.U.A? »
Comentem...

2 comentários:

Alex disse...

acerca do obama nao consigo partilhar do entusiasmo geral. È certo que, a seguir a um ultra-conservador com um grau intelectual diminuto e uma sensibilidade desastrosa para as relaçoes internacionais, obama é uma melhoria.Vai certamente demonstrar um maior equilibrio e dialogo nas negociaçoes, conflitos etc. Mas se um dos grandes problemas do mundo tem sido a maneira como o imperialismo americano gere a seu belo prazer o mapa geo-politico mundial (financiando guerras em estados pouco "democraticos"), e invadindo paises com interesses antagonicos, esta visao dominadora não vai mudar com obama.BAsta ver que no seu primeiro discurso referiu logo que pretende que os e.u.a continuem o "bastiao" da liberdade mundial, naçao propsera e a mais rica do mundo. Ou sejam, que continuema controlar a o.n.u, o banco mundial, o mundo.O facto de terem mantido o secretario de defesa robert gates e um exemplo da continuidade pretendida. E esta crise actual serve bem para demonstar o desastre que é um mundo gerido por por o capitalismo selvagem americano.Obama, no meio das suas frases enigmaticas e chavoes de mudança. apresentou alguma mudança clara de direcionamento politico-ideologico?nao. Senao não era eleito nem apoiado pelo "establishment" e por toda a complexa rede de interesses que realmente comanda os e.u.a e o mundo.

João PM Dias disse...

Boas,

De facto, a tua visão é interessante.
No meu caso, partilho um pouco mais de entusiasmo, visto que, mesmo não trazendo grandes "mudanças"(visao dominadora), poderá dar o impulso necessário à economia mundial.
E é o que necessitamos pois, quer queiramos, quer não, giramos em torno "deles".


abraço,
joaomd