segunda-feira, 9 de março de 2009

Praça Pública - Semanal

É a ética, estúpidos! «Henrique Monteiro»

Há quem possa pensar que o único motivo de preocupação actual é a crise económica. Porém, se atentarmos no que se passa no sistema político, os sinais não são menos inquietantes. Como o Expresso há duas semanas escreveu, existe uma clara degradação da confiança dos eleitores nos partidos centrais do regime - PS e PSD -, o que a sondagem que esta semana publicamos confirma, verificando-se mais uma descida das intenções de voto em ambos os partidos.

Ao mesmo tempo, várias instituições como a Caixa Geral de Depósitos, sempre geridas por personalidades do chamado 'bloco central', vêem-se obrigadas a explicar negócios dúbios, enquanto o próprio primeiro-ministro, um conselheiro do Presidente da República e ex-governantes foram envolvidos em mantos de suspeita.
Quem não quiser entender o que está a acontecer, pode imaginar que a crise passa, caso a atenção da comunicação social e da opinião pública for desviada para outros assuntos e se calem estes. Mas não há dúvidas de que o problema é mais fundo. Muito mais fundo.

Se os principais protagonistas da vida política, a começar pelo Presidente da República e pelo primeiro-ministro, não tomarem medidas exemplares conducentes a uma muito maior transparência, clareza e - porque não dizê-lo? - limpeza no sistema político e no sector estatal da economia, tornando-os modelos acima de qualquer suspeita; se não travarem, responsabilizarem e afastarem aqueles que turvam a absoluta transparência e clareza que devem presidir aos actos públicos e dos políticos, o desânimo e desconfiança podem passar a uma espiral preocupante. Parafraseando uma frase que ficou célebre poder-se-á dizer: é a ética, estúpidos!

O papel dos jornais
O "Público" celebrou esta semana 19 anos com uma pergunta: 'Os jornais em papel vão acabar?'. A resposta não é clara, embora seja certo que o suporte papel se manterá ainda por muitos anos.

Porém, mais importante do que o suporte é o jornalismo sério, credível e rigoroso. É esse compromisso que os jornais devem manter, reforçar e alargar a qualquer plataforma que a tecnologia permita.
Seja qual for a evolução da tecnologia, o jornalismo rigoroso terá sempre um papel.

Menos mal
Faria de Oliveira, recém-chegado à presidência da Caixa Geral de Depósitos, veio dizer que o negócio com Manuel Fino, não sendo um bom negócio, era o menos mau que a CGD podia fazer.

Acredita-se nas palavras do presidente da Caixa, mas espera-se mais. Se este é o negócio menos mau, é porque no passado não foram acautelados os interesses da CGD, o que é dizer os interesses do contribuintes. Quem tomou tais decisões? Eis algo que Faria de Oliveira podia esclarecer. Também ele ficaria mais bem na fotografia... (Fonte:Expresso)

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