segunda-feira, 20 de abril de 2009

60 milhões para regeneração urbana de 20 concelhos

Intervenção visa criar condições para que as pessoas voltem aos núcleos urbanos
É uma autêntica revolução em 20 sedes de concelho. O programa de regeneração urbana do Douro prevê um investimento superior a 60 milhões de euros. Objectivo: devolver vida e actividade aos centros históricos.

É a primeira vez que na região se concretiza um plano concertado. É como se fosse um "programa Pólis" dos pequenos aglomerados do interior do país. Desde Baião até Miranda do Douro vários concelhos aproveitaram o incentivo comunitário de mais de 42 milhões de euros, para traçarem projectos com que lavar a cara de algumas zonas importantes de vilas e cidades. As mais delas semi-abandonas e em ruínas.

Mas não só de obra se esculpe este programa de regeneração urbana. "É muito mais que isso!", exclama o chefe da Estrutura Missão do Douro, Ricardo Magalhães. O edificado e o mobiliário do espaço público vai ser requalificado, é evidente, mas depois vem a parte difícil: "O surgimento de actividades económicas e culturais; a reutilização de certos espaços com outras funções", reforça o responsável, prevendo que de outra forma "passarão cinco ou seis anos e será necessário requalificar outra vez".

Para que aquele desígnio seja alcançado é preciso mudar de atitude (e para mudar esta, partir muita "pedra"). Sobretudo para não se continuar a apostar em mais do mesmo. "É necessário que apareçam visionários que apostem na alternativa e assumam o risco", precisa Mendes Baptista, adjunto do secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades.
O visionário só terá de (e não é pouco) desenhar uma estratégia para ajudar a dar vida ao núcleo urbano regenerado. Ou seja, fazer com que haja pessoas interessadas em voltar a viver lá. O presidente da Câmara de Sabrosa, José Marques, atira que os projectos de regeneração urbana "não serão bem sucedidos se não se criar dinâmica económica e, como consequência, empregos".

A ideia é assinada por baixo por Mendes Baptista, mas desde que essa actividade seja suportada pelos operadores privados. "Não pode ser o orçamento público a estar constantemente a assumir a despesa da animação", vinca. O exemplo de um café belga que funciona simultaneamente como galeria de arte, é avançado, a talho de foice, por José Marques, como uma actividade que, lá no sítio, se converteu num ponto de atracção.

E é nisso que pensa o autarca quando fala do centro interpretativo sobre Fernão de Magalhães que tem previsto para Sabrosa. "Um projecto atractivo, cujo dinamismo poderá passar por um simulador da viagem de circum-navegação", explica, sem dúvidas que "isto é que vai ser diferenciador, capaz de atrair os jovens".

O presidente da Câmara de Moimenta da Beira, Agostinho Correia, desconfia, porém, que o segredo não passa exclusivamente pelo comércio. "Se não colocarmos lá serviços públicos dificilmente arrastaremos pessoas para os centros históricos", opina.

Olhando a questão por um outro prisma, o edil de Torre de Moncorvo, Aires Ferreira, defende a criação de eixos urbanos como forma de criar dinâmicas entre concelhos, que resultem em benefícios para quem neles vive. Pela sua parte, anda há anos a tentar criar um eixo entre Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa, dada a proximidade, mas já sabe que "não vai ser apoiado porque os dois municípios não somam mais de 30 mil habitantes". O único que existe é o de Vila Real-Régua-Lamego, denominado Douro Alliance e que já está a desenvolver uma série de iniciativas.

Fonte: JN

1 comentário:

João PM Dias disse...

Boa tarde,

Este é um tema interessante e, ao mesmo tempo, bastante delicado.

Não basta investimento no que toca a reabilitação, benefícios ao comércio tradicional, colocar serviços públicos nos Centros Históricos.
É preciso cortar o mal pela raíz. Ou seja, limitar os espaços urbanizáveis "obrigando", assim, a deslocação das pessoas para os centros em causa.


abraço,
joaomd