quarta-feira, 6 de maio de 2009

«Crónica-Arqueologia» - O Castro de Sanfins

Com o advento da metalurgia – primeiro o cobre (Calcolítico), depois o bronze e o ferro – assiste-se ao início de uma revolução tecnológica e cultural que foi evoluindo com a descoberta dos respectivos metais. Existe maior quantidade e diversidade de artefactos metálicos em circulação. Verifica-se uma hierarquização das comunidades associada ao desenvolvimento de uma economia agro-pastoril.
Surgem-nos povoados no cimo dos montes com defesas naturais excepcionais e/ou amuralhados: o Castro de Sanfins (855 metros de altitude), o Penedo da Pena em Leomil (920 metros de altitude), o Castelo de Ariz (937 metros de altitude), o Muro de Peravelha (850 metros de altitude), entre outros, a que se podem adscrever cronologias tanto do Calcolítico, como das Idades do Bronze e do Ferro, e até dos Períodos Romano e Alto-Medieval.
Os locais escolhidos para a sua implantação caracterizam-se essencialmente por um excelente domínio visual e pela proximidade de cursos de água.

Também conhecido por Castro de Paredes Secas, o Castro de Sanfins (freguesia de Paçô) é um desses testemunhos da cultura castreja que demonstra a organização dos povos em aglomerados defensivos.
Devidamente sinalizado a partir da EN 226, situa-se a Sudoeste da povoação de Sanfins, da qual dista cerca de um quilómetro, estendendo-se até à área do concelho de Tarouca (Mondim da Beira).
Os primeiros estudos deste local devem-se ao Abade Vasco Moreira (Monografia do Concelho de Tarouca, 1924) e ao Dr. José Leite de Vasconcelos (Memórias de Mondim da Beira, 1933), que registam o aparecimento de fragmentos cerâmicos (olaria doméstica e de cobertura), objectos de pedra (machados de pedra polida, etc.), moedas, objectos metálicos (fíbulas e fivelas de bronze, restos de objectos de ferro) e de vidro, depositados no Museu Etnográfico de Lisboa.

De facto, as prospecções arqueológicas recentemente efectuadas neste local permitiram detectar inúmeros fragmentos de cerâmica à superfície e casas de planta circular, quadrangular, oval e uma cisterna. Podem observar-se também vestígios de duas cintas de muralha que evidenciam a grandeza do seu sistema construtivo, bem como do seu contorno delimitador.
Destaque para um topónimo muito interessante – a Porta do Sol – referindo-se a um dos acessos do lado Sul do povoado.
Verificada a riqueza arqueológica deste povoado fortificado, é urgente a sua salvaguarda pois a destruição torna-se iminente através da acção do tempo ou da incúria/vontade humana.

Autor:
José Carlos Santos

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