quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

«Notícias» - Primeiros 100 dias dos novos autarcas marcados por dificuldades

"É tempo de mudança". Este foi o slogan que mais se ouviu em todo o país durante a campanha para as eleições autárquicas, em Outubro do ano passado. No distrito de Viseu, a afirmação ganhou força e levou à eleição de cinco novos presidentes do PS para as Câmaras de Mangualde, Moimenta da Beira, Castro Daire, Tabuaço e Vila Nova de Paiva. Em Penedono, também foi eleito um novo representante para o concelho, mas o partido manteve-se o PSD, o que já acontece há mais de 20 anos.
Em Mangualde, Soares Marques esperava ser eleito para um quarto mandato à frente da autarquia, mas foi derrotado por João Azevedo que venceu na segunda vez que se candidatou. Empenhado em lutar por uma maior empregabilidade e fixação de jovens no concelho, o novo autarca já pôs em prática algumas iniciativas que considera serem importantes para o concelho.
Uma delas foi a aquisição do antigo quartel dos Bombeiros Voluntários de Mangualde por 349 mil euros, a pagar em sete anos, e outra foi a assinatura do protocolo de constituição da Equipa de Intervenção Permanente.
No balanço que fez destes quase 100 dias de governação, destacou a tomada de duas decisões difíceis: a anulação de concursos que previam a entrada de 48 novos trabalhadores e a redução de vencimentos de funcionários camarários pertencentes ao quadro. O presidente justificou esta opção com questões de "seriedade e sensatez que se impunham" e porque a lei assim o exigia há um ano.
Apesar disso, congratula-se em ter conseguido assinar protocolos com o Ministério da Agricultura para a criação de um Gabinete de Apoio ao Agricultor (a instalar brevemente na Câmara Municipal) e para o fornecimento de fruta e produtos hortícolas aos mais de 800 alunos das escolas do primeiro ciclo, duas vezes por semana.
No campo da educação, João Azevedo distribuiu dois mil exemplares do Diário do Estudante, também nas escolas do 1.º ciclo, e, dentro de semanas, vai iniciar-se a construção do primeiro Centro Escolar de Mangualde, pronto a funcionar no ano lectivo de 2010/2011.
A curto-médio prazo espera reforçar o número de efectivos da GNR, melhorando o patrulhamento e a segurança da população, e, até 2011, o objectivo é construir 89 fogos para habitação social e requalificar 20 casas no bairro social.
Além disso, João Azevedo quer requalificar as Zonas Industriais do Salgueiro e Lavandeira, sendo que na primeira irá nascer o Agrupamento Rede - Empresa de Energia ACE constituído por três empresas. Este novo grupo vai criar dez novos postos de trabalho.
Em negociações com o Governo, este disponibilizou 21 milhões de euros para apoiar a reestruturação empresarial da PSA-Citroen, estando prevista a montagem de um novo automóvel, o que fará com que os postos de trabalho se mantenham ou aumentem.
Insistência de Mangualde e de outros municípios é a do início dos financiamentos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) para manutenção de estradas do concelho e para a criação de uma nova área de localização empresarial de Mangualde.

Recentrar Moimenta
Depois de se candidatar quatro vezes, sem sucesso, à Câmara Municipal de Moimenta da Beira, José Ferreira decidiu voltar a tentar a sua sorte e à quinta foi de vez. Foi eleito nas últimas eleições autárquicas, terminando com a governação de direita que já vinha desde o 25 de Abril.
Encarou esta vitória como um reconhecimento do que "vinha dizendo e da necessidade, que agora se confirma, de mudança". Já conhecia as dificuldades financeiras do município "com alguma profundidade", às quais se opôs durante vários anos e afirma que, agora, compete-lhe fazer "uma política de mudança para evitar a decadência". Segundo José Ferreira, estes quase 100 dias que está à frente da Câmara foram de "muito trabalho à volta da avaliação de projectos" e está "satisfeito com o trabalho que o município está a desenvolver".
O objectivo deste executivo é recentrar Moimenta da Beira na região, pelo que o presidente espera fazê-lo com "muito rigor" e através do "envolvimento de todos os parceiros no desenvolvimento do município". "Temos boas empresas e a Câmara tem de ser um catalizador destas energias e tem de se constituir como um parceiro".
Criticou o facto de as autarquias não disporem de meios financeiros para fazer face aos problemas, nomeadamente na redução dos casos de pobreza. Mesmo assim, espera conseguir concretizar os projectos que tem agendados para este mandato.
Uma das prioridades é a construção do Centro Escolar de Moimenta da Beira, passando pela organização da oferta de produtos locais ou pela ajuda aos produtores nessa organização, até ao programa cultural "que vai ajudar a desenvolver o município".

Vila Nova de Paiva
com processos atrasados
O autarca de Vila Nova de Paiva, José Morgado, deparou-
-se com um cenário na Câmara que não esperava encontrar. Além da situação financeira que já sabia ser "difícil", não contava com tantos atrasos nos projectos administrativos.
"Sabia que em termos financeiros a situação não estava bem, mas pensei que os processos estivessem mais avançados", revelou José Morgado. Referia-se à regulação de taxas e licenças que não foi concluída e que "felizmente o prazo foi adiado para abril deste ano". Também as candidaturas ao QREN estão um pouco atrasadas, assim como as comparticipações para outras às quais já apresentaram candidatura.
Quanto ao mandato anterior, critica o facto de não ter havido uma obra "de relevância", por isso, com esta mudança de poder, está convicto de que irá resolver vários problemas do município. Portanto, vai candidatar ao QREN a construção do parque desportivo municipal, quer avançar com a praia fluvial e com o parque urbano de Vila Nova de Paiva e propõe-se a equipar as freguesias com equipamentos desportivos e sociais.
À semelhança dos autarcas anteriores, José Morgado tem como objectivo lançar a construção do Centro Educativo. A dinamização cultural do auditório, a promoção do parque botânico e a requalificação e valorização dos rios Côvo e Paiva são outros dos projectos que estão na lista do presidente.
Sobre os quase 100 dias na Câmara, afirmou que é uma "missão difícil". "O autarca hoje tem de resolver os problemas das pessoas e quando consegue resolver esses problemas sente-
-se satisfeito e é uma satisfação para as pessoas", concluiu.
O Diário de Viseu contactou o presidente da Câmara de Castro Daire, Fernando Carneiro, mas este reservou um balanço dos primeiros 100 dias de mandato para uma conferência de imprensa a realizar a 11 de Fevereiro. Já os autarcas de Penedono e Tabuaço, Carlos Esteves e João Ribeiro, respectivamente, estiveram indisponíveis para prestar declarações. (Fonte: DiáriodeViseu)

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