terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

«Arqueologia» - Os moinhos de água

Dentro da categoria geral dos moinhos de água, existem os moinhos de roda horizontal (que foram introduzidos em Portugal pelos Romanos a partir do século I a. C.) e os de roda vertical ou azenhas (introduzidos em Portugal pelos Árabes a partir do século I a. C.). Os moinhos de roda horizontal podem ser de rodízio e de rodete submerso (sistema de turbina) e os moinhos de roda vertical podem ser de propulsão superior e de propulsão média e inferior.

Os mais numerosos de todos no nosso país são os de roda horizontal de rodízio. O rodízio é o engenho motor, uma roda horizontal, com cerca de um metro de diâmetro, composta por uma série de palas côncavas de madeira – penas – que servem para mover as mós. Estas, por sua vez, duras, redondas e planas (ver imagem I), moem os grãos dos cereais (centeio, trigo, cevada, etc.) até produzirem farinha.
Localizam-se singularmente nas margens de rios e ribeiros de caudal forte e rápido, mas pouco volumoso. A água chega ao moinho através de um canal com bastante inclinação – o cubo – e cai a pique sobre os mecanismos de moagem de forma a ganhar força para os mover.
São geralmente de pequenas dimensões, com paredes muito resistentes de granito ou xisto (conforme a região). A cobertura pode ser de duas águas ou de falsa cúpula, em telha, lajes de granito ou xisto (raramente de colmo).

No concelho moimentense ainda é possível encontrar alguns moinhos deste tipo em funcionamento (nomeadamente nas povoações de Ariz e de Segões), embora a maioria (cerca de meia centena) esteja em muito mau estado de conservação, como nos mostra a imagem II.
O abandono destes engenhos aconteceu sobretudo no século XX com a introdução da moagem mecânica em larga escala. No entanto, a conservação e recuperação dos moinhos de água seria certamente um projecto que beneficiaria o turismo desta região, na qual os cereais têm desempenhado, desde tempos muito antigos, um papel extremamente importante na dieta alimentar das nossas gentes.

Autor: José Carlos Santos

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