terça-feira, 8 de junho de 2010

«Arqueologia» - Alminhas: pequenos altares


Para melhor compreendermos os elementos apresentados nas imagens – três alminhas – é indispensável ler o texto, que se segue, do Senhor Júlio Rocha e Sousa acerca da Alminha de Freixinho, uma das freguesias do concelho de Sernancelhe:
“As Alminhas são padrões de culto aos mortos, construídas em variadíssimos materiais onde sobressai, por qualidade e quantidade, o trabalho em pedra.
Na parte fundeira destes trabalhos em cantaria, normalmente em forma de nichos, pintavam-se painéis de almas no Purgatório. Na parte superior destes painéis com nuvens e Anjos, figuravam a Santíssima Trindade, Cristo Crucificado, a Virgem Maria, Santo António, S. Miguel com a balança e tantas outras figuras de Santos.
As Alminhas mais trabalhadas, mais ricas de pormenor abrigam-se em capelinhas ou pequenas caixas telhadas, de amplas edículas com grade de ferro, algumas de digno valor artístico.
Foi o decreto sobre o Purgatório que o Papa Pio V lembrou aos fiéis que existe e que as almas retidas nele, são julgadas pelo sufrágio dos fiéis e particularmente pelo aceitável sacrifício do Altar. Mandava o Santo Concílio que os Bispos se esforçassem para que a doutrina sobre o Purgatório ensinada pelos padres fosse acreditada, motivada e em todos os lugares pregada pelos fiéis de Cristo.
Esta doutrina motivou muitos artesãos e artistas na criação de inúmeras Alminhas, que hoje vemos espalhadas pela nossa região e por todo o País. As Alminhas são pequenos e simples monumentos de piedade religiosa, erguidas quase sempre aos caminhos rurais e muitas delas também junto às nossas estradas nacionais.
As Alminhas têm na nossa religião um alto significado religioso e muitas delas indicam os caminhos vicinais que conduzem aos grandes Santuários e suas velhas romarias, como as da Nossa Senhora dos Remédios em Lamego, Nossa Senhora da Lapa em Sernancelhe, Nossa Senhora dos Caminhos junto ao Sátão e tantas outras, que por muitas, não as podemos mencionar. (…)”
Para terminar, acrescento ao descrito que estes pequenos altares, em maior número no Norte e Centro do território nacional, constituem autênticos testemunhos da religiosidade das nossas gentes merecendo, concerteza, a sua preservação e valorização.

Autor: José Carlos Santos

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