domingo, 20 de junho de 2010

DE VEZ EM QUANDO !

HÁ GOVERNANTES E HÁ GOVERNANTES !

UNS FALAM (E MAL) FORA DE TEMPO... OUTROS TÊM (E BEM) SENTIDO DE OPORTUNIDADE !

E o Primeiro Ministro José Sócrates pode orgulhar-se de ter escolhido para este seu governo uma Senhora da craveira de Gabriela Canavilhas.

Solene mas simples, erudita quanto baste, a Ministra da Cultura foi cirúrgica - embora abrangente - ao despedir-se de Saramago. O momento e a tarefa não eram fáceis! Tal como a leitura de Saramago nunca o foi, independentemente de todas as polémicas que envolveram o Nobel Português - quer dentro, quer fora do âmbito da sua escrita. Mas Gabriela Canavilhas soube tornar facilmente perceptível a dimensão de Saramago: - "Para ele a escrita, enquanto forma de expressão do pensamento e de intervenção intelectual, foi instrumento, foi arma, foi agente provocador e plataforma de interrogação permanente do indivíduo e da sociedade".

E se bem que no dizer de um amigo de Pilar - "não há palavras. Saramago levou-as todas..." - a verdade é que a sua obra é perene. E aí estarão sempre letras, palavras, versos, ideias de um homem inconformado para perceber e discutir. À espera que o país abandone a triste posição cimeira do fenómeno da iliteracia. Tarefa ciclópica para pais e educadores, para os governos central e regionais, para os municípios. Com a certeza de que levará décadas. Mas aceitemos o desafio - ainda mais aliciante pelos tempos de crise que nos assolam.
O problema maior não será financeiro. Antes organização, método, competência e vontades. No fundo, talvez pouco mais do que estas outras palavras da Ministra da Cultura sobre Saramago: -

"Com a sua actividade cívica aliada à criação literária, cumpriu aquilo que é mais caro aos criadores e aos artistas - conseguiu com a sua obra fazer pensar os destinatários, perturbar os conformados, incomodar as consciências e aguçar a lucidez" .

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