segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Pelo Caminho de Santiago em Ano Santo

Orientados por setas (em sentido oposto, surgem setas de cor azul a indicar o Caminho de Fátima), de cor amarela, pintadas no chão, nas rochas, nas árvores, nos muros, nos postes ou através de marcos de granito… fizemos o Caminho de Santiago (de Moimenta até Guimarães realizaram-se três jornadas intervaladas. De Guimarães até Santiago de Compostela sucederam-se seis) em Ano Santo (pelo facto de, em 2010, o dia da festividade de São Tiago coincidir com um domingo).
Deixámos para trás Régua, Mesão Frio, Amarante, Guimarães, Braga… e chegámos, pela antiga via militar romana, à vila mais antiga do país, Ponte de Lima, onde dormimos junto ao rio.
Seguiu-se a Labruja, uma das jornadas mais duras, quer pela sua extensão, quer pela sua irregularidade. Refrescámo-nos na Fonte de Três Bicas e, a meia encosta, junto à Cruz dos Franceses, recuperámos o fôlego. Pelo Vale do Coura chegámos até São Bento da Porta Aberta, outro local de afamada romaria. Animados com um curto descanso, terminámos a jornada no albergue de Valença do Minho, onde conhecemos o peregrino Luís de Vila Verde.
No dia seguinte, bem cedo, fizemos a travessia do rio Minho sobre a ponte metálica em direcção à primeira localidade espanhola, Tui. Após a entrada em O Porriño pelo Polígono Industrial, pernoitámos no albergue de Mos.
A chover intensamente, deixámos para trás Redondela e Arcade (onde se comem as melhores ostras da Galiza), a benemérita Guarda Civil, a magnífica vista sobre a Ria de Vigo… e chegámos à histórica Ponte Sampaio sobre o rio Verdugo, extensa ponte que, em 1809, foi palco de uma das mais sangrentas batalhas entre as tropas espanholas e as tropas de Napoleão quando estas se dirigiam para Portugal. Foi tal a crueldade que ainda hoje a população local põe os nomes dos generais franceses aos cães.
Até ao centro histórico de Pontevedra, tivemos a oportunidade de fazer um dos troços mais bonitos do Caminho.
Na manhã seguinte, abandonámos o albergue pela rua da Santiña e depressa chegámos a San Mauro. Não me esquecerei, junto à capela, do peregrino alemão que adorou a nossa cebola regada em vinho. A partir daqui, começaram a surgir inúmeros cruzeiros, alguns preciosamente esculpidos, provando estarmos no caminho certo para Santiago. O agradável núcleo de Tibo, com cruzeiro, fonte e lavadouro, deu lugar a Caldas de Reis, onde molhámos os pés cansados na água quente da Fonte das Burgas. Começou a chover muito, mas a rota só terminou, após percorridos 40km, em Padrón.
A jornada que se seguiu foi curta e fácil. Por volta do meio-dia, estávamos, finalmente, em Santiago. Visitámos a extraordinária catedral, abraçámos o Santo, assistimos à missa e levantámos o certificado da nossa peregrinação – a Compostela.
Ir a Santiago é, sem dúvida, uma experiência muito gratificante. Caso ainda não o tenha feito, um Bom Caminho!

Autor: José Carlos Santos (Publicado pelo Jornal Beirão no dia 6 de Agosto de 2010)

sábado, 28 de agosto de 2010

«Educação» - Lista das escolas que encerram no distrito de Viseu

80 escolas fecham no distrito


Norte do Distrito


-Armamar

Cimbres e Gogim


-Cinfães

Ameal e Ventuzelas


-Lamego

Avôes de Lá, Britiande,

Cepões, Ferreiros, Galvã,

Juvandes, Lalim, Lamego 1,

Lazarim, Magueija, Medelo,

Mós, Ordens, Penude de Baixo,

S. Geão, Sande, Sucres,

Valdigem, Várzea de Abrunhais e Vila Meã



-Moimenta da Beira

Castelo, Sanfins e Vilar



-Penedono

EB1 Beselga, Póvoa, Souto,

Básica de Beselga, Penela da Beira e Penedono


-Resende

Freigil, Arêgos, Boavista,

Cárquere, Felgueiras, Granja,

Passos, Minhães, Vinhós,

Resende e Meiomães


-São João da Pesqueira

Nagoselo do Douro, Soutelo do Douro, Vale de Vila e Vilarouco

Fonte: Jornal do Centro

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

«Saúde» - Moimenta adere ao "e-agenda" (Actualizado)

Utentes de Moimenta da Beira marcam consultas médicas através da Internet
No agrupamento de centros de saúde de Moimenta da Beira as consultas médicas podem ser marcadas através da Internet. O novo sistema funciona desde Março e até agora já foi utilizado por mais de 3500 utentes. O repórter Jorge Bastos foi ao terreno verificar como está a ser utilizada esta nova forma de marcação de consultas médicas.



Fonte: Antena1



Consultas marcadas via Internet estão ao nível das unidades de saúde que lideram o projecto

Moimenta da Beira, bem no interior esquecido do país, tem um dos oito centros de saúde com mais marcações de consultas por via electrónica. Ao nível de unidades de Lisboa. Desde Fevereiro, teve, por essa via, 1555 visitas médicas, de um total nacional de 69 mil.

O "e-agenda" arrancou em todo o país em Janeiro. Até então, funcionara como projecto piloto na região de Lisboa e Vale do Tejo, que é aquela que, a nível nacional, tem mais inscritos e mais consultas marcadas electronicamente já efectivadas. Segundo os dados mais recentes, estão inscritos 120 mil utentes em todo o país, 46% deles naquela região de Saúde. E foram dadas 69.143 consultas marcadas através da Internet.

"É um resultado favorável", garante ao JN o secretário de Estado da Saúde. O "e-agenda" conta com cerca de dez mil inscrições por mês e "está a acelerar". Em Julho foram quase 13 mil.

"Era preciso antes verificar se o sistema era operacional na efectivação das consultas. Está provado que sim", diz Manuel Pizarro, que admite ter havido reclamações. Houve consultas confirmadas electronicamente que não existiam na agenda dos centros de saúde. "No primeiro mês, tivemos uma centena de reclamações. Agora são apenas casos pontuais".

A prova de que o sistema parece funcionar está nos números, ainda que residuais no universo de utentes do Serviço Nacional de Saúde. Só nas cidades do Porto e de Braga, 12% das consultas efectivadas foram marcadas por "e-agenda", adiantou ao JN Pimenta Marinho, da Administração Regional de Saúde do Norte. Que também realça o facto de não ter sido ainda feita publicidade a este método de marcação. "É apenas mais um a somar aos que já há".

Mas a grande surpresa está no sucesso da medida em concelhos do interior. Como Moimenta da Beira. O centro de saúde deu 970 consultas marcadas por Internet e a extensão de saúde que dele depende, em Leomil, proporcionou 585. Um total de 1555, a provar que é errada a ideia de que no interior não se usam novas tecnologias.

E como foi isto possível? Simões de Carvalho dirige o Agrupamento de Centros de Saúde (Aces) Douro Sul e fala em "rede social em favor da saúde". No total do Aces, que junta oito concelhos, houve 2779 marcações por "e-agenda", com colaborações das câmaras municipais, das juntas de freguesia, dos lares e centros de dia e até das farmácias, como a de Leomil. Os utentes dirigem-se lá, são inscritos e têm quem lhes marque as consultas na agenda do seu médico de família, em que escolhem o horário disponível entre as quatro horas guardadas para o e-agenda por dia e por médico .

"Toda a gente fala em iliteracia no interior, mas, afinal", ali nem é preciso ir ao centro de saúde marcar vez, nem esperar horas pela visita médica. Isto, num Aces com uma faixa etária profissional acima dos 50 anos e que insiste na mudança de paradigma: com apoio das autarquias, foi pioneiro num rastreio da retinopatia entre os utentes diabéticos.

Fonte: JN

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Viseu - Cidade eleita por turistas

Fonte: localvisão

Moimenta apoia “Vale do Douro”


A Câmara de Moimenta da Beira juntou-se de corpo e alma à campanha de sensibilização para eleger o “Vale do Douro” uma das “7 Maravilhas Naturais de Portugal”. A votação ocorre até 7 de Setembro e pode ser feita através da Internet (www.7maravilhas.pt), por via telefónica (760 302 718) ou ainda por SMS (envie 718 para o 68933).
O vice-presidente da autarquia, Francisco Cardia, considera que “para o concelho de Moimenta da Beira, situado na região Centro-Norte de Portugal, entre o Vale do Douro e as terras da Beira Alta, a importância deste evento e o facto do Vale do Douro ser um dos candidatos é uma oportunidade de excelência para o nosso município que celebra a união perfeita entre o património monumental histórico e natural, despontando assim o conhecimento e a vinda de mais visitantes, bem como o desenvolvimento local”.
Na totalidade, estão disponíveis para votação 21 maravilhas naturais agrupadas em sete categorias que foram escolhidas por 21 profissionais de diversas áreas.
De entre as maravilhas a concurso está a candidatura do Vale do Douro na categoria de “Zonas Aquáticas não Marinhas”, conjuntamente com a Lagoa das Sete Cidades (Açores) e as Portas do Ródão (Centro).
A votação decorre até ao dia 7 de Setembro e os resultados serão conhecidos quatro dias depois, através de um evento oficial que irá decorrer nas Portas do Mar em Ponta Delgada, nos Açores. (Fonte:cm-moimenta.pt - Rui Bondoso)

Encontro de antigos alunos do Externato Infante D. Henrique

É mais um encontro de antigos alunos do Externato Infante D. Henrique de Moimenta da Beira: o sexto. Realiza-se a 11 de Setembro e o programa está elaborado. São esperados cerca de três centenas de convivas, entre ex-estudantes e familiares.
A comissão promotora marcou o almoço de confraternização e o programa da tarde para a freguesia de Castelo. Mas antes, de manhã, há a concentração do grupo junto ao edifício do antigo Externato (9h30), em Moimenta da Beira, a recepção de boas vindas (10h00) e uma visita à Fundação Aquilino Ribeiro, em Soutosa (11h00).
À tarde, além do almoço, o programa prevê uma missa (16h00), animação a seguir e, a partir das 18 horas, merenda e ceia. Tudo na freguesia de Castelo.
Os interessados podem inscrever-se até 3 de Setembro directamente no Posto de Turismo da autarquia ou pelo telefone 254 520 103.
O antigo Externato Infante D. Henrique foi fundado em 1943 pelo Dr. João Alves de Lima Gomes e dirigido depois pelo padre António Bento da Guia, Dr. Amadeu Baptista Ferro e Dr. António Lemos Gomes.
Formou durante décadas várias gerações não só de moimentenses mas também de jovens provenientes dos concelhos vizinhos de Sernancelhe, Tabuaço, Armamar, Vila Nova de Paiva, Tarouca, entre muitos outros.
Uma polémica, aquando da arrojada construção do novo edifício, no início dos anos 60, catapultou o externato para as páginas da imprensa nacional e internacional.
O projecto previa a fachada com arcos inspirados na arquitectura da nova cidade de Brasília, projectada por Óscar Niemeyer, mas o regime de Salazar não aprovou.
O edifício, porém, acabou por ser construído com os arcos. No entanto, pouco tempo depois, veio a ordem de demolição para a arcada. Os alunos opuseram-se, manifestaram-se e alguns foram mesmo detidos e levados para o posto da GNR, acusados de crime de desobediência. O impasse contudo seria resolvido poucas horas depois, com uma meia vitória para os alunos revoltosos: o arcos não seriam demolidos, mas apenas tapados com um muro que permitia quase toda a sua visibilidade.
No actual edifício, entretanto requalificado, funciona desde 2003 a Escola do 1º Ciclo Infante D. Henrique de Moimenta da Beira. (Fonte:cm-moimenta.pt - Rui Bondoso)

domingo, 22 de agosto de 2010

História geral do concelho de Moimenta da Beira

Alcandorado no sopé do planalto da Nave na Serra de Leomil o concelho de Moimenta da Beira está implantado numa zona granítica de transição e paisagem tipicamente beiraltinas com laivos do Douro. Na mancha serrana, tipicamente da Beira, e ribeirinha de águas vertentes para o Douro, instalaram-se sucessivas civilizações.

Pré-história e Proto-história (c. 2,5 milhões de anos a.C.- c. 4000 a.C.) – É sobretudo nos locais sertanejos da serra (Necrópole megalítica da Nave) que existe a maior quantidade de vestígios da pré-história, sobretudo relativas ao neolítico. Orcas, Dólmenes, Antas, menires, e tantos artefactos que foram encontrados nessas escavações. Relativamente à proto-história vários povos aqui se fixaram, como se comprova pelos vários povoados descobertos no concelho.

Idade Antiga (c. 4000 a. C – c. 395/476 d. C.) - Da Idade Antiga conhece-se a fixação romana pelas várias vias construídas neste concelho (ex. via romana de Carapito em direcção a Aldeia de Nacomba) e pela descoberta de inúmeros vestígios arqueológicos que assinalam a existência de um aglomerado populacional romano significativo na freguesia da Rua, denominado Rochela ou Arrochela. Esta presença massiva dos romanos nesta região haveria de influenciar a arquitectura funcional do período medievo, bem visível na edificação de uma ponte românica em Ariz, assim como a permanência do latim que influenciou, entre outras coisas, o nome Paçô, que deriva de Palatium e, mais tarde, na centúria de oitocentos, as inscrições de mais de uma centena de marcos da Universidade de Coimbra, a recebedora dos dízimos das paróquias de que era padroeira.

No século I da era cristã, o povo semita dispersou-se pelo império romano e instalou-se no couto de Leomil, um espaço integrador, multi-étnico e multi-religioso. Deu-se a essa comunidade o nome de Semitela. Na transição da Idade Antiga para a Idade Média, ocorreram as invasões bárbaras na Península Ibérica, tendo-se aqui fixado sobretudo os suevos e os visigodos. Da sua presença crê-se que os abrigos naturais existentes na serra possam ter sido por eles usados nesse período.

Idade Média (c. 476 d. C. – c. 1453) – Em 711 os Muçulmanos iniciam a conquista da Península Ibérica. Nos inícios do segundo milénio sobressai a figura de Hajib Almançor que entra pelas terras da actual Beira e degola todas as freiras do mosteiro de Arcas, já existente no século VI, e toma Lamego, Trancoso e Viseu. Destrói o castelo de Alcaria (Caria) e provavelmente o da vila Leomiri (Leomil) e Lobozaim (hoje Castelo Nagoza). No século XI, na sucessão readministrativa do território cristão, o conde D. Henrique e D. Teresa concederiam privilégios a várias povoações desta região. Entre elas, destaca-se a concessão de Lamosa (Caria) a Paio Mendes casado com Maria Garcia da estirpe do couto de Leomil e Garcia Rodrigues, filho de D. Rodrigo, senhor da honra de Fonseca e S. Martinho de Mouros, recebe o Couto de Leomil. É ainda deste período medievo, recorde-se, que datam as várias sepulturas escavadas na rocha que abundam no concelho.

Na Monarquia Luzitana, frei António Brandão garante que o Infante D. Henrique passou os anos da meninice “nas quintas de Cresconhe” onde recebeu treino militar de Egas Moniz que conjuntamente com seu irmão Mem Moniz era senhor da Honra de Caria e de muitos outros territórios na região de Lamego. Fora inclusivamente a sua viúva que fundou o mosteiro das Salzedas. Mais tarde, seria nas cortes de Lamego que o título de rei lhe viria a ser confirmado e, já rei, confirmaria a carta de couto de Leomil.

O couto de Leomil e a honra de Caria eram, por então, as povoações mais importantes com notória predominância de Leomil. Dada como couto aos irmãos cavaleiros D. Paio Rodrigues e Garcia Rodrigues, como recompensa dos serviços prestados na árdua empresa da reconquista logo trataram de dotar esse espaço de alguns privilégios como engodo para agilizar e apressar o processo de ocupação sistemática do território. Logo depois, Garcia Rodrigues outorga foral a Leomil que passa a ser designado de vila e concelho.

As alianças matrimoniais dos couteiros herdeiros com a família Fonseca e o facto de se afirmarem como bons cavaleiros, permitiu-lhes entrar ao serviço do infantado da Coroa, conseguindo doações e aumentando ainda mais o seu património. Passaram a ser designados de “coitinhos” em alusão ao pequeno senhorio de Leomil, couto pequenino, aumentado-o de tal forma que no século XIV viria a ser o maior no Reino com 276 km2.

Nesse espaço os Coutinhos detinham um poder considerável que se materializava na picota erguida perto do Outeiro em Leomil, onde existe uma fonte com o mesmo nome.

Idade Moderna (c. 1453/1492 – c. 1789) – Praticamente todas as povoações que integram hoje o concelho de Moimenta da Beira já existiam na Idade Média. A Idade Moderna foi, contudo, um período de profundas transformações urbanísticas e arquitectónicas, sobretudo nos centros mais importantes, nomeadamente em Leomil, Moimenta e Rua. Uma das muitas relíquias históricas, passíveis de contemplação, esta na transição da Idade Média para o período moderno, é o convento franciscano de Caria/Rua que terá sido o primeiro da Congregação da Ordem Terceira Regular em Portugal, erigido na Quinta do Ribeiro. Aí se fundou o convento em 1443.

No século XVI as praças cívicas e políticas são readaptadas ou construídas noutros locais. Em Moimenta da Beira cria-se o terreiro das freiras à sombra do convento beneditino aí fundado em 1598 por Fernão Mergulhão. Da invocação de N. Sra. da Purificação é de traça maneirista, barroca e rococó. Nesta altura também é edificado o pelourinho do estilo bola, e a casa da Moimenta. Em Leomil, os serviços administrativos do concelho passam do Outeiro para a praça onde se ergue um robusto pelourinho do estilo gaiola (imóvel de interesse público desde 11-10-1933), e é construída a casa da Câmara que ainda hoje mantém grande parte da traça original, com destaque para a esbelta varanda alpendrada apoiada em duas severas colunas dóricas. Na Rua, que se desmembra de Caria, aparece aquele que é o único monumento classificado como de interesse nacional existente no actual concelho de Moimenta da Beira, desde 1915. Filia-se ao estilo tabuleiro e possui característica do estilo estravagante.

No século XVI-XVII destaca-se a construção do solar dos Lucenas-Mergulhões em Leomil. O edifício encontra-se hoje arruinado mas mantém ainda uma bela janela balconada em esquina, sustentada por uma magnífica coluna cilíndrica com base fuste e capitel jónico de duas volutas, encimados por uma pronunicada gárgula.

Durante o século XVIII, e espelhando a plêiade de famílias que se fixam no actual concelho de Moimenta da Beira (Morais Sarmentos, Carvalhais, Guedes, Menas, Falcões, Almeidas, Gouveias), são edificados solares de vetusto aspecto, dos quais convém destacar o solar das Guedes, palacete de arquitectura civil privada do século XVIII que pertence ao estilo rococó, e o solar dos Sarmentos, também setecentista, parcialmente destruído durante as invasões francesas. Destaque ainda para a bela Fonte da Pipa, da mesma centúria, de que se diz que quem beber dela cá fica.

Em Leomil dois edifícios são de ressaltar. Em primeiro lugar o solar dos Viscondes de Balsemão, setecentista, o qual se filia ao estilo barroco final já com laivos de rococó com um objectivo claro de comover e impressionar o espectador. De seguida, merece menção o solar da família Coutinho, edifício setecentista com pormenores artísticos notáveis, de onde sobressai a portentosa pedra de armas na confluência de duas fachadas.

No que respeita à arquitectura religiosa merece destaque o mosteiro de S. Torcato que regista uma devoção antiga, com uma romaria muito concorrida desde tempos remotos em virtude das competências milagreiras do santo. Neste contexto é forçoso referir ainda a igreja matriz de Santiago de Leomil. É provavelmente a mais antiga do concelho. Deve ter sido este templo um ponto de passagem das romarias que se realizavam a Compostela.

Idade Contemporânea (c.1789 – aos nossos dias) – Fustigado pelas invasões francesas, o actual concelho de Moimenta da Beira sofreu inúmeras transformações durante as lutas liberais, nomeadamente a extinção dos vários concelhos e respectiva incorporação no de Moimenta. O ideal liberal consolidou-se e nos fins do século XIX e inícios do século XX foram vários os moimentenses que comungaram do ideal republicano ajudando à implantação deste regime a nível nacional, regional e local.

Acrescem a todas estas referências outros imóveis, tal como outros patrimónios, nomeadamente o natural, o gastronómico e o humano. Nem todos foi possível referir, mas todos são importantes.

Publicado na última edição do Jornal Terras do Demo

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

GNR apreende tonelada de cobre roubado

Sucateiro liderava rede. Quatro pessoas foram detidas

A GNR desmantelou uma rede, que incluía um sucateiro, que se dedicava ao furto e receptação de cobre, e apreendeu uma tonelada daquele minério. Foram detidos quatro indivíduos, com idades entre os 17 e 48 anos, apreendidas armas de fogo e há suspeitas de que a rede também se dedicasse ao roubo e viciação de veículos.

A investigação decorria há seis meses e culminou na manhã de ontem com a realização de seis buscas domiciliárias em Mangualde, Moimenta da Beira, Viseu e Oliveira do Hospital e a detenção de quatro suspeitos. Um dos indivíduos, "proprietário de uma sucateira em Mangualde, será o alegado cabecilha da rede que actuava de forma planeada e por encomenda", adiantou fonte ligada às investigações. No conjunto foi apreendida "uma tonelada de cobre, em cabos, peças e equipamentos que já se encontrava pronta a ser derretida", adiantou.

É convicção das autoridades que o cobre "teria como destino a fundição e moldagem de lingotes, vendidos na economia paralela a 8 euros o quilo". Na operação foram ainda "detectados indícios de que a rede também actuava no furto e viciação de veículos que eram depois desmantelados e vendidos em peças". Noutros casos, os carros, "roubados, eram transformados e modificados com recurso a salvados comprados às seguradoras e depois vendidos como se de viaturas usadas se tratassem", adiantou a fonte.

Em Mangualde, a operação da GNR apreendeu ainda, em casa de um dos suspeitos, "duas espingardas, um revolver, detonadores e munições". Fonte:DN

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Incêndios - Meios aéreos ajudam no combate às chamas

Notícia TSF - áudio, com o Comandante José Requeijo, no incêndio de Castro Daire.

Para ouvir, CLIQUE AQUI!

Dois aviões e um helicóptero bombardeiro juntaram-se no combate ao incêndio em Mezio-Travanca (Arcos de Valdevez). Em Moledo (Castro Daire), há dois Kamov a combater as chamas.

José Requeijo confirma entrada em actividade de dois Kamov no combate ao incêndio de Castro Daire

Dois aviões e um helicóptero bombardeiro juntaram-se, esta terça-feira, aos 259 homens que estão a combater o incêndio de Mezio-Travanca (Arcos de Valdevez), activo há uma semana.

Em Moledo (Castro Daire), o combate às chamas está a ser feito por 208 homens, que concentram agora os seus esforços numa frente de fogo numa zona de difíceis acessos.

«A única preocupação que temos é uma frente activa que está virada a sul e penso que dentro de algumas horas teremos este problema resolvido», acrescentou o comandante dos bombeiros de Moimenta da Beira, que confirmou que dois helicópteros Kamov estão agora envolvidos no combate a estas chamas.

José Requeijo explicou que a principal dificuldade no combate às chamas que ainda restam é o facto de as viaturas não poderem chegar ao local.

«Apesar de termos uma máquina de rasto a fazer trabalho de aceiros para que as viaturas cheguem mais próximo, o grande trabalho será do pessoal de terra com o apoio destes dois helicópteros», concluiu.

Informação:
Rui Requeijo

Região - Nova unidade hoteleira

A nova unidade hoteleira que vai servir o concelho de Aguiar da Beira e a região foi inaugurada no passado sábado, dia 7. O presidente do Município aguiarense, Fernando Andrade, descerrou a placa alusiva, em conjunto com a proprietária, Maria da Conceição Lemos Monteiro.

A família Monteiro, empreendedora de sucesso, composta por Manuel Dias Monteiro, M. Conceição Lemos Monteiro e os seus três filhos - Agostinha, Carlos e José Monteiro - estavam visivelmente satisfeitos com mais um empreendimento de elevada envergadura, fazendo questão de partilhar com os seus clientes e amigos a apresentação pública do seu mais recente investimento.

O “Hotel do Vale”, classificado com 4 estrelas, encontra-se situado no cruzamento das estradas que ligam Aguiar da Beira a Moimenta da Beira, Sernancelhe e Trancoso, num lugar privilegiado da localidade de Ponte do Abade, na freguesia de Sequeiros, a seis quilómetros da vila de Aguiar da Beira.

O requinte e o bom gosto primam em todo o estabelecimento, bem patenteado na qualidade dos acabamentos da construção, no bom gosto na decoração e no mobiliário de extrema classe, que certamente encantará quem tiver a oportunidade de escolher este Hotel para passar alguns dias, até porque a região é vasta em motivos de interesse turístico.

O Hotel tem 30 quartos, mais uma Suite, Piscina, uma Sala de Conferências para 80 pessoas, restaurante para serviço interno, dispondo também de um espaçoso bar, aberto ao público em geral. Tem apenas dois pisos, e quem vê o edifício por fora não imagina que o seu interior lhe reserva. (Fonte:JornalNovaGuarda)

sábado, 14 de agosto de 2010

«Incêndios» - Detido indivíduo que foi visto a atear fogo

A GNR deteve um indivíduo suspeito de atear um incêndio em Tabuaço.
Durante uma vigilância feita por um meio aéreo, o suspeito terá sido visto no momento em que se preparava para lançar o fogo. As autoridades foram alertadas e de imediato foi lançada uma "caça ao homem". Ontem, ao final da tarde o indivíduo estava a ser inquirido na GNR de Moimenta da Beira.
Entretanto, fonte judicial anunciou que as equipas de investigação aos incendiários da Polícia Judiciária foram reforçadas com mais elementos no distrito de Viseu, à semelhança do que aconteceu noutros pontos do país. "Todos os departamentos receberam instruções para formarem equipas de combate aos incendiários", disse o director nacional, Almeida Rodrigues, lembrando que dos 12 detidos por fogo posto em floresta "quase metade é reincidente".
Por agora, o reforço de pessoal no combate aos criminosos ronda os 60 elementos, mas o número pode sofrer alterações consoante uma "monitorização diária das necessidades" que está a ser feita, adiantou.
Juntamente com o reforço de pessoal, foi também decidido contactar todos os incendiários referenciados pela PJ e que já cumpriram pena de prisão por fogo posto, até porque, a reincidência é algo que preocupa a polícia.
"O gabinete de psicologia da PJ traçou o perfil do incendiário e é com base nisso que estamos a trabalhar", adiantou Almeida Rodrigues, lembrando que quem ateia incêndios florestais é "muitas vezes impulsionado pelo espectáculo".

Moimenta da Beira em alerta
O dia de Quinta Feira foi mais calmo no distrito de Viseu, mas nem assim as chamas deram descanso aos bombeiros.
As maiores preocupações centraram-se em Moimenta da Beira, onde um incêndio que deflagrou na quarta-feira, voltou a ter vários reacendimentos durante o dia de ontem.
À hora de fecho da edição, estavam activas duas frentes e a situação mais complicada era aquela que estava a ser vivida junto à localidade de Soutosa. No local, estavam 83 homens que foram ajudados por quatro meios aéreos.
Em S. Pedro do Sul mantinham-se, ao final da tarde, 40 bombeiros no terreno, junto à zona de Aguaneiras, com o comando local a afirmar que o combate estava "a evoluir favoralmente".
Ainda durante o dia houve o reacendimento do incêndio de Nesperido, em Viseu, mas que ficou dominado depois de duas horas de combate.

Guarda sem tréguas
Sem tréguas continuava ontem o distrito da Guarda, onde ao início da noite estavam em curso quatro incêndios.
Os fogos mobilizavam mais de três centenas de elementos: um em Aldeia da Serra, combatido por 144 elementos com 38 viaturas e um helicóptero; um em Sandomil, a mobilizar 143 elementos com 39 viaturas e um avião; e um outro na localidade de Carvalhal da Loiça, combatido por 63 elementos com 20 viaturas. Em Trancoso estavam no terreno 57 bombeiros.
Fonte: Diário de Viseu

DE VEZ EM QUANDO !




Agora, que estes incêndios me queimam o coração e a alma, lembro-me dos baldios e da pertença das matas a quem de direito. Ao povo que amava a serra. E aos lobos que nela habitavam. Tal como escreveu o Mestre Aquilino Ribeiro em "Quando os Lobos Uivam" - uma obra que lhe valeu um processo judicial e uma "condenação" na praça pública movida pelo Estado Novo. Mas há sempre alguém de coragem. E que a teve para responder ao processo. A resposta foi então publicada no Brasil com este título - a merecer honras de guarda na Biblioteca de Aquilino Ribeiro, em Moimenta da Beira, por oferta do Dr. Carlos Semedo, Juíz em Castelo Branco.


Serve esta nota introdutória de mote a uma simples reflexão sobre o actual "clima" dos incêndios em Portugal.
Será já um tempo sem retorno ?

Incêndios ?

Mais calor? Alterações Climáticas?

É sempre bom lembrar os “desafios” de Aquilino.

Como os de “Quando os Lobos Uivam”, que eu recordo em “Da Beira !”, de 2008 : - “Querem retemperar a nação e a raça? Arborizem, arborizem a serra...”.

Pois, dizia eu na carta ao Mestre ... “mas muito poucos ou quase ninguém lhe deu ouvidos. E tudo se foi queimando na voragem das chamas dos incêndios cada vez mais violentos. As tentativas de reflorestação só vingam e duram o tempo que os “interesses instalados” vão permitindo. Os ciclos de vida e de morte são cada vez mais curtos. De outra sorte, este tipo de fenómenos (que é preocupante na Amazónia) apenas representa um dos vértices do chamado “aquecimento global”, o qual tem provocado a redução drástica das calotes polares, seguindo-se o degelo e a subida das águas dos oceanos. Consequência inevitável (por falta de vontade política dos líderes mundiais) vai ser o desaparecimento de algumas ilhas e a tranformação da fisionomia costeira de alguns países e continentes, dentro de alguns anos, incluindo o rectângulo português europeu – que já hoje não parece o mesmo. E os rios de água límpida (apanhada com a concha da mão) que admirava (Paiva, Távora, Douro, Minho, Coura ou Âncora), já não matam a sede de caminheiros ou peregrinos”.

Será já um tempo sem retorno ?

DE VEZ EM QUANDO !



ESPINHOS...

O castanheiro, frondoso

Marca a diferença na mata ao fundo do vale.

Mais ao lado fica o Tedo

Um fio de água corrente que chega cansado ao Douro.

Entre a sombra do castanheiro

E essa ribeira seca

Vivem seres dos mais estranhos

Rasteiros e deslizantes que se escondem entre as folhas

Fossudos e cabeçudos barulhentos quanto baste

Ou então de som matreiro

Como o lobo e a raposa.

Astúcia acima de tudo para além do natural

Na mata vive um país roído por muitos males

Seu remédio duvidoso não só tarda

É ilusão

Dos que choram e se lamentam à sombra do castanheiro

Sem ouriços sem espinhos

Um sonho eterno guardado.

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Agosto 2009

AB.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Show de motocross no Matão

A Casa do Futebol Clube do Porto de Moimenta da Beira promove, dia 22 de Agosto, no estádio do Matão, provas de motocross em motos de duas e quatro rodas.
Os treinos, para adaptação ao terreno, ocorrerão durante o período da manhã, e as provas à tarde. Haverá prémios monetários para os três primeiros classificados e troféus para todos os participantes.
A organização prevê que o grosso das inscrições aconteça no próprio dia, mas adianta que podem ser já efectuadas na sede da Casa do FCP ou através dos telefones 918 864 202 e 963 435 794.
“Queremos que este evento se torne anual”, revela Rui Saraiva, da direcção da casa portista moimentense.
As entradas serão pagas (3 euros cada ingresso, com descontos para casais), mas o espectáculo é gratuito para os jovens até aos 16 anos de idade. (Fonte: Rui Bondoso - cm-moimenta.pt)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

“Verão Total” levou Moimenta longe



Mais de meio milhão de portugueses, dentro e fora do país, viram Moimenta da Beira através da RTP1, durante três horas seguidas e em directo. O “Verão Total”, programa matinal do canal público, foi emitido do Terreiro das Freiras, esta quarta-feira, 11 de Agosto.

Entrevistas, reportagens e vários momentos musicais animaram a praça mais nobre da vila. Tudo perante uma assistência que encheu o recinto. Foi um dia memorável.

“Nunca Moimenta foi tão vista e badalada como hoje. Sinto-me orgulhosa”, comentou uma idosa de Carapito, sentada ao lado do filho, emigrante em França.

O que de melhor se faz e produz no concelho foi mostrado ao país e ao mundo: a maçã, o vinho e o espumante “Terras do Demo”, os enchidos e a gastronomia regional, o artesanato, as paisagens e a monumentalidade do município, a figura de Aquilino Ribeiro e a sua Fundação em Soutosa, esteve tudo em foco durante aquelas três horas de emissão.

Quando foi entrevistado pelos dois apresentadores de serviço, Sónia Araújo e Carlos Alberto Moniz, o presidente da autarquia, José Eduardo Ferreira, soube passar para o exterior a imagem positiva do concelho. (Fonte:www.cm-moimenta.pt)

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Volta a Portugal 2010 - 6ª Etapa Moimenta da Beira - Castelo Branco (11/08/2010)


Fonte: http://www.volta-portugal.com/

Três horas em directo na RTP1

O “Verão Total”, programa do canal 1 da RTP, será emitido em directo de Moimenta da Beira para todo o mundo, a 11 de Agosto, dia em que arranca também da vila a 6º etapa da Volta a Portugal em bicicleta.

Serão três horas de emissão, das 10 às 13, para uma audiência média estimada de 500 mil telespectadores. Sónia Araújo e Carlos Alberto Moniz vão ser os apresentadores de serviço.

É a primeira vez que uma manifestação tão mediática desta dimensão é realizada de Moimenta da Beira.

O Terreiro das Freiras, a praça mais emblemática e histórica da vila, vai servir de palco ao programa, que envolverá cerca de uma centena de pessoas (equipa da RTP, artistas e convidados).
Fonte:cm-moimenta.pt

Convento de S. Francisco

Seria o convento dos capuchinhos de Caria um terreno memorial virginalmente desataviado se Aquilino lhe não tivesse loxodromiamente fincado a pena. Se infernos há para os monumentos, o convento de S. Francisco está a despedir-se do purgatório com vaticínios de abismo. Na Geografia Sentimental já Aquilino, imagine-se, o referia.

Se Aquilino reproduz, no prelo, convicções, narra também vivências com realismo. Delas avulta, com naturalidade, o convento de S. Francisco de Caria, um dos ex-libris das Terras do Demo. Muito embora impere a dimensão romancesca e ficcionária da história que as suas reminiscências e criatividade parturiram, tranches há da obra aquiliniana de puro desafio ao Khronos: com narração histórica, com pretensões de objectividade, com fitos de realismo.

Saindo de Moimenta com determinação monacal, rumo às terras de Caria, volvem-se cerca de quatro quilómetros até que se impõe retirar a tala asinina da destra para subir a rodovia que bordeja o espaço onde antigamente o íncola realizava a feira em honra, ou honrada, pelo patrono do convento que tiros de calhandrina ajuizam de cercanejo: S. Francisco. Metendo por uma vereda que dá à estrada que conduz a Caria, segue um trilho que a fauna avícola, pondo termo à calma absorta, rasga em tons melódicos proceros de chamamento prestadio, parecendo entender o carácter prestameiro da cultura que ali o nosso espírito representa, conduzindo-nos ao núcleo do eremitério franciscano.

Atravessada a quinta por esta via, reclina-se suavemente pela encosta, numa compilação florística, hoje muito diferente do que já foi. Arvoredos verdejantes e floridos com matagais, em doces emanações de fescura que as águas brotam e deslizam a seus pés, e leiras fecundas onde outrora cresciam mimos pujantes e hortas viçosas. Bonita e bem lavada de ares constantes, esta é uma quinta de quietude patriarcal, de viver provinciano. O pronunciado declive tem um pico, onde se ergue altaneiro e senhoril um miradouro, que olha das alturas a líquida fita coleante que se alonga por entre alcantis agrestes e prados verdejantes. Daí lobrigam-se sem fusco, serranias churras, pinheirais, cristas pedregosas e ainda vários povoados.

Olhando em redor aprisionam-se os sentidos e por ali ficamos, estáticos, como sôfregos na retrinca. Cada recanto de feição rural revela a ancianidade do local. Olhar para estas aguarelas com olhos de ver, é viajar por várias dimensões e rememorar as idades esquecidas, os legados que ainda não findaram. Uma destas, entre muitas relíquias históricas, passíveis de contemplação, é o convento franciscano que terá sido o primeiro da Congregação da Ordem Terceira Regular em Portugal, erigido a sudeste do actual concelho de Moimenta da Beira, num espaço que, pelo menos ao longo da época moderna, passou a ser designado de Quinta do Ribeiro, em alusão mais que provável ao pequeno curso de água que por ali ponteia. Na sua essência, ela resulta da anexação da Quinta do Paço (Paço dos Bulários), dos senhores de Távora, doada aos frades da Ordem Terceira de São Francisco pelo rico e nobre Pedro Gil para a erecção de um convento o qual aí se fundou em 1443. Ao que consta o Sumo Pontífice, Eugénio IV entregou pastoral ao bispo em forma de bula Noveretis nos super, dando posse da igreja aos religiosos que nela celebraram a primeira missa em 28 de Agosto de 1445, dia de Santo Agostinho.

Este eremitério cedo se constituiu como um centro fecundo de renovação cristã, frequentado por uma turbe de fiéis em busca de sacramentos. Além do convento, com duas estruturas físicas – igreja e casa residencial dos frades - divisam-se neste amplo e fértil espaço um solar com vários anexos transformados em Escola Profissional Tecnológica e Agrária, além de um tanque, uma fonte, um pombal e a capela de Nossa Senhora da Conceição.

Louçainho de ricos pormenores de antanho que o mugre fétido parasitamente procura elidir, possidente, o convento encontra-se, hoje, em sepultura de vala aberta. O esqueleto que dele resta está apossado da sôfrega natureza, rubuste milhafre que o abocanha e suga. Sem suficiência, porém, para esconder ricos pormenores de antanho que a incúria do tempo e dos homens não conseguiu letificamente fazer ruir. Da igreja avulta, de nariz arrebitado, altaneira e senhoril, uma torre sineira de três secções verticais que se elevam da base através de colunas de pedraria uniformemente talhada, que suportam o peso de todo o conjunto. Com janelas circunferenciais e quadrangulares de pequena bordadura granítica exterior, destinadas à luminescência, sobressai o derradeiro elemento seccional, cimeiro, ligeiramente mais estreito, como aquele que mais ornatos permite esquadrinhar. Os quatro cunhais de pilastras quadrangulares, onde convergem as paredes deste elemento seccional quadrifacetado, terminam em jeito de capitel onde assentam quatro lintéis que servem de base ao telhado de cujos vértices saem quatro gárgulas em forma de corneta. Cada uma das faces desta torre possui quatro aberturas em janela pronunciada de onde se vislumbravam e irradiava a equissonância de sineiras composições.

O resto da igreja apresenta-se sob duas faces. A do meio, contígua à torre, assume a centralidade do edifício. A reentrância do portal de ampla quadratura inicia-se com arco de três arestas ladeado de cunhais encimados de remate. Segue-se uma portentosa janela rectangular com bordadura exterior, como todas as outras do edifício, por onde se fazia a iluminação do interior. Ombreia com duas outras, igualmente de traçado rectangular mas com menor área, que estreitecem para dentro, isto é, com traçado oblíquo na espessura da parede em jeito de lancis de quebra-luz. Termina o conjunto em telhado triangular de face ornada com arco semi circunferencial a guardar nicho granítico de traçado esbéltico, assente em base saliente e suportado por pequenas colunas de base fuste e capitel, destinado, por certo, ao patrono. A outra face, no cerne de dois poderosos cunhais, autênticas longarinas, comporta um portal robusto, de menor área do que o anterior, em conjunto quadrangular encimado de janela circunferencial elevada a cerca de 6 metros.

Em virtude do desaparecimento quase total da sua documentação, sabe-se deste cenóbio praticamente apenas que foi extinto no século XIX por ocasião da extinção das ordens religiosas. Em 1919 Amândio Campos adquire-o a Margarida Nápoles Alpoim mas posteriormente inicia-se a sua degradação e pilhagem das suas pertenças.

O convento franciscano, que possuía um recheio cultual notável, era um foco de onde irradiava religiosidade, aí se realizando várias celebrações litúrgicas bastante concorridas. Era, também, o lugar preferido para último repouso das famílias principais, a que nem sempre reagiu com agrado o reitor da paróquia ruense. Pouco se sabe acerca dos quantitativos da comunidade franciscana de Caria. Neste particular, sabe-se apenas que em 1587 o abade de Alcobaça, frei Guilherme da Paixão, visitou a Terceira Ordem de S. Francisco, encontrando no convento de Caria 17 frades.

É de referências como estas que convém sair ao encalce, palminhando um longo trilho, uma via sinuosa, com madeiro de inspiração crística engalispado nas costas, rumo ao conhecimento cabal da história de um erimitério que ocupou uma posição central na narrativa de mestre Aquilino e enfileira hoje entre os monumentos de incontornável valia no panorama artístico-monumental moimentense.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

«Protecção Civil» - Incêndio em Sever

"...Em São Pedro do Sul, distrito de Viseu, um incêndio que deflagrou numa zona de mato em São Cristóvão de Lafões, pelas 11h05 de hoje, está a ser combatido por 67 elementos, 20 viaturas e um helicóptero. Este fogo tem quatro frentes activas. Ainda no distrito de Viseu, 83 bombeiros, apoiados por 17 veículos e um helicóptero, tentam dominar um fogo que desde as 11h20 consome uma zona de mato em Sever, concelho de Moimenta da Beira.
..."
Fonte: Púbico

Fonte: Prociv.pt


Fonte: MODIS (NASA)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Jornal Beirão - «1ª Página» - 44ª Edição


Equipa Portuguesa no S. C.da NASA nos EUA (Prof.Paulo,Alexandra e Zé Diogo)


«Arqueologia» - Os vestígios epigráficos romanos da freguesia de Rua

Os vestígios epigráficos romanos da freguesia de Rua

Eis os elementos que fazem da freguesia de Rua, uma das freguesias mais ricas do concelho moimentense, senão mesmo a mais rica, ao nível dos vestígios epigráficos romanos:

- Estela funerária incrustada na fachada principal da Capela de São Domingos.
- Miliário da Lagoa.
- Lápide funerária encontrada no pavimento da Capela de Nossa Senhora de Fátima.


- Bloco (ver imagem), com cerca de 0,42m de altura e 0,50m de largura, inserido na fachada principal da Capela do Espírito Santo, com uma epígrafe honorífica e/ou monumental: BONO REI PVBLICE NATO, que se traduz: Nascido para o bem da República (ou) Ao nascido para o bem do Estado.

- Três epígrafes (cujo paradeiro é, até ao presente momento, desconhecido) segundo bibliografia específica (1):

IMP . / M . AV . / V . M . E . / AVG . P . F . / P . M . T . P . / P . P . / I I X X .
(dedicada ao Imperador Marco Aurélio)

Q . FORTVNATVS . Q . F CAPVAN / VS . SEGNIF . LOGEION . LAT . / SVB . D . IVNEO BRVT . ADVORSVS LV / SIT . BARBARA . VEXIL . PROT . E O COBNI / MILITES VERT . HVIC IN CASTRIS / QVO ADVCTVS FOERAM MECODI / ER . MOSTVS . QVOD ETRRAPARI . / AM . V .


(Eu, Quinto Fortunato, alferes da 3ª legião dos latinos, militando debaixo da capitania de Décimo Bruto, morri defendendo minha bandeira contra os lusitanos bárbaros; e os soldados velhos me sepultaram aqui nos próprios reais, para onde fui trazido, com grande dor de me ver sepultar fora da minha pátria. Ficai-vos embora.)


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(1) HUBNER, E. (1869) – Corpus Inscriptionum Latinarium – II, p.9. Berlim.
VITERBO, Joaquim de Santa Rosa de (1984) – Elucidário das palavras, termos e frases. P.171. Porto: Livraria Civilização Editora.
GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA Vol. XXXV: 156, 157. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia.


D . M . S . / G . POSIDONIVS EQVES ROM . / MONTIS VIM . IN VICTORES / BARBAROS INCITAT . EQVO / EVERT . FORTT . OCCVB . D . IBRUT . A . B . Q . C . H . M . AP . C . S . T . T . L .
(Memória consagrada aos deuses dos defuntos. Gaio Posidónio, cavaleiro romano, morador no monte Viminal, arremetendo com seus cavalos aos bárbaros, que levavam já os romanos de vencida, morreu pelejando valorosamente; e Décimo Júnio Bruto, por respeito de amor e benevolência trabalhou que se lhe pusesse aqui esta sepultura. Seja-te a terra leve.)



Autor: José Carlos Santos
Publicado na última edição do Jornal Beirão

terça-feira, 3 de agosto de 2010

«Natureza» - UTAD devolve corujas e águias à natureza

Aves levadas para o Hospital Veterinário da universidade libertadas em Cerva, Leomil e Vila Nova de Paiva

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) devolveu 15 aves à natureza, entre corujas do mato e águias de asa redonda, depois de serem tratadas e recuperadas no hospital de fauna selvagem, anunciou esta terça-feira a instituição, citada pela Lusa.

Entre o dia 22 de Julho e hoje, foram devolvidas à natureza várias aves que foram tratadas no centro Hospitalar de Recuperação de Fauna Selvagem - Hospital Veterinário da UTAD e que foram levadas feridas por militares, parques naturais, autarquias, caçadores e pessoas anónimas.

A academia transmontana refere, em comunicado, que possui a única unidade hospitalar para a recuperação de fauna selvagem no país, aberta 24 horas por dia, com um Túnel de Voo Octogonal onde as aves selvagens reeducam a sua sobrevivência.

As acções que visam a libertação das aves decorreram nos locais onde os animais foram recolhidos e na presença das pessoas que as encontraram e ainda de crianças e jovens, com vista à sua sensibilização ambiental.

A maioria das aves em causa são corujas do mato (Strix aluco), quer foram libertadas nas zonas de Sanfins do Douro (Alijó), Goujoim em Armamar, Abreiro (Mirandela), no Lugar da Estrada, (Peso da Régua), Fermentões (Sabrosa), Bobadela, (Boticas).

Foi ainda devolvida à natureza uma águia de asa redonda (Buteo buteo) no campus universitário de UTAD.

Hoje foram desenvolvidas três acções com libertação de corujas do mato em Cerva (Ribeira de Pena), Leomil (Moimenta da Beira) e Vila Nova de Paiva.
Fonte: TVI24

«Divulgação» - Casa do FC Porto Moimenta da Beira



domingo, 1 de agosto de 2010

«Notícia» - Passeio para acalmar foi fatal

Emigrado em Inglaterra, Marco Marcelo, de 24 anos, passava as férias com a família, em Moimenta da Beira. Chegou a Portugal na quinta-feira e, um dia depois, uma discussão com a mãe levou-o a abandonar a casa, sozinho e a pé. "Discutiram por causa do tabaco. Ele fumava muito e a mãe chamou-o à atenção", contou uma tia do rapaz que preferiu o anonimato.

Furioso, foi espairecer. Deambulou pelos pinhais da região, mas, num descuido, caiu junto à barragem do Vilar. Foi-lhe fatal.

No fim da tarde, a família começou a ficar preocupada. Como o jovem não aparecia, "apresentou queixa na GNR", disse ao DN fonte policial. Logo na sexta-feira, efectivos da GNR percorreram a região orientando as buscas com base num testemunho segundo o qual o jovem teria sido visto nas imediações da barragem do Vilar.

No sábado, como Marco Marcelo continuava por localizar, foram alertados os bombeiros, que o localizariam, "cerca das 18.00", numa pedreira das imediações da Barragem do Vilar, "caído numa zona seca", disse Nuno Requeijo, comandante dos bombeiros de Moimenta da Beira.

Quando foi encontrado "estava caído, de bruços, aparentando ter escorregado, de forma acidental", adiantou fonte da GNR. Esta fonte contou que o jovem "terá caído logo na sexta-feira" e garantiu que se terá tratado de "um descuido do jovem, que não se apercebeu dos trilhos, perigosos, que pisava".

Uma tia reconheceu que o jovem "era pouco dado e tinha poucos amigos em Moimenta da Beira". Apesar de ter "esquizofrenia, nunca teve tendências suicidas e de certeza que não foi isso que aconteceu", concluiu.

O corpo foi removido para o Instituto de Medicina Legal de Viseu, onde hoje deverá ser autopsiado, e foi alertada a Judiciária.
Fonte: DN.pt