quarta-feira, 17 de novembro de 2010

«Arqueologia» - Carta Arqueológica: o instrumento fundamental para valorizar o património

Por todo o concelho moimentense encontramos monumentos, sítios e outros vestígios arqueológicos que nos permitem compreender a origem do povoamento e as sucessivas ocupações humanas nesta região.
A quantidade e qualidade dos tesouros arqueológicos distribuem-se pelas suas vinte freguesias em cronologias e tipologias muito diversificadas.
Os mais antigos, até ao momento, remontam ao V.º milénio antes de Cristo, dentro do período designado de Neolítico. Comprovando esta ocupação pré-histórica, encontramos, para além da Tapada da Orca e do Cabeço das Orcas (freguesia de Leomil), um magnífico conjunto de dólmenes, estátuas-menires e gravuras rupestres no Planalto da Nave.
No que respeita à Proto-história (respectivamente à Idade dos Metais: cobre, bronze e ferro), há cerca de 2 500 anos a. C., construíram-se povoados fortificados, em locais elevados, com boa visibilidade, bem protegidos naturalmente ou por muralhas: Castro de Sanfins (freguesia de Paçô), Povoado do Castelo (freguesia de Ariz), Muro (freguesia de Peravelha), etc.
Com a chegada dos Romanos à Península Ibérica, no século III a. C., surgiram novos aglomerados, instalados nos vales e nas planícies, com casas de tijolo e cobertas de telhas, ao contrário dos povoados fortificados caracterizados por casas de pedra solta e telhados de colmo ou lousa. O desenvolvimento da agricultura, do comércio, da indústria, dos recursos mineiros, o sistema monetário, as primeiras estradas lajeadas, a religião, o Latim… são algumas das muitas manifestações aqui deixadas por esta civilização.
Quanto à Idade Média (período histórico depois do nascimento de Cristo que vai do século V ao século XV), existem preciosos documentos de que terá existido: no século VI, um mosteiro em Arcas (freguesia de Sever) no local onde hoje se encontra a Capela de Nossa Senhora das Seixas; no século X, um castelo em Caria; no século XIII, um mosteiro onde hoje se situa o Santuário de São Torcato (freguesia de Cabaços); e uma ponte de estilo românico, sobre o rio Távora, que permitia a ligação directa entre a povoação do Vilar e o concelho de Sernancelhe.
Contudo, para além da ponte de Ariz, os vestígios mais significativos deste período são os vários enterramentos praticados: sepulturas escavadas na rocha e sarcófagos, acompanhados de estelas discóides na zona da cabeceira e de tampas decoradas.
Durante a Época Moderna, com a consequente organização administrativa, política e social, edificaram-se monumentos de grande riqueza arquitectónica (edifícios públicos, pelourinhos e solares) e implantou-se mais de uma centena de marcos da Universidade de Coimbra, testemunhos da extensão dos territórios e da influência desta instituição na região. A evidenciar a religiosidade destas gentes, construíram-se conventos (ver imagem), igrejas, capelas, cruzeiros e alminhas.
Porém, a valorização desta diversidade arqueológica só é possível, à semelhança do que acontece nalguns concelhos limítrofes, com a apresentação dos trabalhos realizados até ao momento e sequente aprofundamento dos mesmos, ou seja, com a publicação daquele que é considerado o instrumento fundamental para o estudo, salvaguarda, divulgação e valorização do rico e diversificado património arqueológico – a Carta Arqueológica.

Autor: José Carlos Santos

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