domingo, 29 de abril de 2012

«Notícia» - A problemática da Interioridade

"Nós estamos longe de tudo, sobretudo dos cuidados de saúde, mas queremos fazer vida aqui porque o Interior também é Portugal." O desabafo é de Nuno Miguel Carlos, de 31 anos, residente em Penedono, que na semana passada foi pai pela segunda vez. A pequena Sofia nasceu com 2,980 quilogramas no dia 16 de Abril, na maternidade do Hospital de São Teotónio, em Viseu.

O concelho de Penedono é dos exemplos paradigmáticos dos efeitos da desertificação no País. Outrora muito importante na defesa do nacionalismo e na resistência às forças invasoras, devido à sua boa localização geográfica e ao imponente castelo, Penedono conta hoje com pouca população, e a maioria é idosa. Os mais novos saíram, sobretudo para o estrangeiro, à procura de melhores condições de vida.

Nuno Carlos e a esposa Mónica Garcia, de 26 anos, fizeram precisamente o contrário. Ele natural de São João da Pesqueira e ela de Cabaços, Moimenta da Beira, conheceram-se, juntaram-se e foram viver para a vila de Penedono. Em casa alugada, tiveram a primeira filha há três anos - nasceu a Liliana Bernardo. O elenco familiar foi agora reforçado com a chegada da segunda filha. "Sabemos que as coisas não estão fáceis, mas sempre foi meu desejo ter um segundo filho. Não vou mentir, queria que fosse um menino mas Deus não quis. Veio mais uma menina e estou muito feliz", afirmou ao CM Mónica Garcia, enquanto embalava Sofia, sempre muito sorridente e irrequieta com as mãos.

Nuno é madeireiro e Mónica trabalha na agricultura. "Era bom que as pessoas que vivem no Interior tivessem mais apoios", reclama Nuno, que pretende ver as suas filhas "crescer no campo".
Em 2010 foram registados onze bebés em Penedono, liderando a lista dos concelhos onde menos se nasce em Portugal.
 
Fonte: Correio da Manhã

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