domingo, 22 de julho de 2012

«Arqueologia» - O canal de irrigação da Prata e da Levada


Canal de irrigação da Prata e da Levada

Como é visível na imagem, estamos perante um trabalho impressionante de rega que se harmoniza perfeitamente com o ambiente circundante.

Outra estrutura rural com interesse patrimonial no concelho de Moimenta da Beira, quer a nível construtivo quer pela importância que tem tido durante várias gerações do ponto de vista da irrigação agrícola, é certamente o extenso canal da Prata e da Levada.
Com efeito, desde a sua nascente, através de dezenas de regos[1] construídos em pedra (granito), encaixados uns nos outros (alguns atingindo extraordinariamente 2,50 m de comprimento e 0,40 m de altura), a água tem chegado discretamente, serpenteando alternadamente zonas habitadas, cultivadas e de floresta, a uma parte significativa dos campos agrícolas da freguesia moimentense, pelo menos desde a primeira metade do século XVIII[2].

Publicado no Jornal Beirão (86.ª edição)




[1] A limpeza destes condutores de água é assegurada periodicamente pela Junta de Freguesia de Moimenta da Beira.
[2] Atendendo ao registo do seguinte ato de posse: «a posse real, actual, cível e corporal da água da fonte da Prata e da Levada do Corgo de Aldeia e sua Ínsua, onde se ajuntam, no dia de segunda-feira de manhã até à noite, para elas regarem e mandarem regar sua cerca e para tudo o mais de suas necessárias», no qual as freiras do Convento de Nossa Senhora da Purificação deixaram de ter direito à água da Prata e da Levada durante dois dias por semana, passando a ter direito apenas à segunda-feira desde o nascer do sol ao pôr do sol. Este direito ainda hoje é mantido pela família proprietária do referido convento.
A posse foi dada às freiras em conformidade com uma provisão régia, pelo escrivão João Correia Soares, Meirinho desta correição, tendo como testemunhas Francisco de Figueiredo Coutinho (de Moimenta da Beira) e o Cipriano de Sá Rebelo Aranha, dono da Quinta da Ribeira do Tedo (dos Arcozelos), pondo termo a sérias querelas com o povo e outros utentes desta água.
Informação extraída da seguinte bibliografia: GUIA, A. Bento da (2001) – As Vinte Freguesias de Moimenta da Beira. 3.ª ed. Viseu: Eden Gráfico, página 273.

Autor: José Carlos Santos
 

Sem comentários: